sexta-feira, 31 de outubro de 2008

"Google is a wonderful tool"

Hoje pedi uma informação para a assessora de imprensa da Nasa (longa história) e ela me mandou procurar no Google.

A humanidade não tem salvação mesmo.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Macacos no cinema


Sabe aquela sensação que dá quando você sai de um show? Quando você está cansado, semidesidratado, com os ouvidos zunindo e as pernas doendo, coberto com o seu próprio suor e com o de outras 10 ou 20 pessoas? E quando, mesmo assim, está feliz?

Então, ontem eu tive exatamente essa sensação, mas saindo de um cinema. Fui ver a sessão única de Arctic Monkeys at the Apollo, show gravado que os macacos lançam em DVD no dia 3 de novembro. Essa exibição prévia fez parte de uma ação de divulgação que incluiu várias cidades do Brasil e do mundo.

E foi foda. Com uma edição elegantíssima, o show foge da esquizofrenia visual dos shows de rock da MTV e abdica de quaisquer recursos radicais de edição que poderiam ser aplicados para "melhorar" o material (exceto por algumas muitíssimo bem-encaixadas imagens dos rapazes em A Certain Romance). Todas as desafinadas da banda estão presentes, toda a falta de presença de palco, toda a mania de tocar como se não houvesse um público assistindo.

A graça é que a música deles é boa o suficiente para tornar essas coisas insignificantes.

Aliás, quem for comprar o DVD, deverá esperar apenas por isso: música. Se a idéia é ver os Arctic Monkeys glamourizados e eternizados em vídeo, prefira um Acústico MTV. O que os caras fazem nesse show é tocar. Tocar muito. Tocar bem. Tocar alto.

Mais que suficiente para mim.
 

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Cocô no trabalho (2)

Bom, já que estamos nessa de falar de cocô e eu não tenho assunto melhor mesmo, aí vai mais uma.

Certo tempo atrás, trabalhei numa empresa que tinha dois funcionários, a mulher X e o homem Y, que eram verdadeiros dinossauros ali dentro, já trabalhando no lugar há quase duas décadas. Eram os únicos, também: de resto, a empresa tinha uma rotatividade muito grande no quadro de funcionários.

Uma coisa que precisa ser dita sobre essa empresa é que ela é conhecida por suas regras obsessivas e seu tratamento nazista para com os funcionários. Logo, não é de estranhar que, volta e meia, aconteçam manifestações de revolta. X não é dada a esse tipo de coisa, visto que ocupa um cargo alto, mas eu poderia apostar que Y possuía mágoas guardadas que poderiam explodir em algum momento.

Pois bem, alguns meses após eu começar a trabalhar lá, eu conheci outra pessoa que já tinha passado pelo meu cargo. Essa pessoa, é claro, se lembrava da mulher X e do homem Y. Assim que eu toquei no nome deles, a reação dessa pessoa foi instantânea:

- NOSSA! Eles ainda tão lá?

- Pois é, tão sim.

- Poutz, cara... nunca vou esquecer do dia em que a X apareceu correndo na redação, puta da vida, perguntando quem é que tinha feito cocô e esfregado na parede do banheiro masculino.

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(Depois de uns 20 minutos dando risada e imaginando a cena, está claro pra mim que eu jamais vou esquecer também.)

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Filhotes, se isso não é a prova cabal de que o que eu escrevi no terceiro parágrafo é verdade, nada mais é. Principalmente porque meu interlocutor contou que, na época, a suspeita caiu sobre Y, mas nunca ninguém descobriu o culpado.

É lógico! O sujeito agüentou o nazismo durante anos a fio, acumulando o desespero, até que chegou um momento em que explodiu. Aliás, X e os outros deviam ficar felizes que ele explodiu no banheiro, e não em outro lugar.

Acredite, estar lá dentro faz com que esfregar suas próprias fezes na propriedade alheia pareça uma forma justíssima de vingança.
 

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Cocô no trabalho

Quem cursou a turma A do curso de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero entre os anos de 2004 e 2007 sabe que cocô não é tabu. Ele faz parte da vida do ser humano.

Eu particularmente não sou adepto do cocô no banheiro do trabalho, por medo de a privada entupir ou algo assim e eu acabar passando ridículo. Pra mim, no trabalho, cocô continua tabu.

Felizmente, nem toda a humanidade pensa assim. Minutos atrás, meu chefe parou as prensas pra dar um recado:

"Gente, esses dias eu fui usar o banheiro e vi que a privada estava com sujeira de cocô. Não na parte de trás, onde seria normal que a coisa se espalhasse, mas na frente. Hoje eu fui lá e está de novo. Não sei se vocês andam fazendo cocô sentados pro lado errado ou algo assim, mas gostaria de pedir que, no caso de algum acidente, vocês limpem a própria sujeira".

E eu, rindo muito por dentro, só fiz que sim com a cabeça, mostrando toda minha consternação com essa preocupante crise no ambiente profissional.

O mais legal é que, tirando o chefe, tem só 6 pessoas na empresa e eu APOSTO que, neste exato momento, estão todos olhando uns para os outros e imaginando quem é inovador que caga ao contrário.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

No ônibus (3)

Daí que, dia desses, eu tava no ônibus, voltando pra casa, e tinha uma mulher em pé, segurando umas sacolas. Ok. Alguns pontos depois, entrou um cara.

Ele e a mulher obviamente se conheciam. Assim que ela o viu, ficou bastante alterada, começou a balançar a cabeça pros lados, se mexer meio freneticamente. Ele chegou perto dela, todo simpático: "Oi, tudo bem?".

A partir daí, a mulher começou a dar piti. Um piti contido, em voz baixa, sem causar, mas claramente um piti. Ela estava puta da vida.

E aí, no meio do piti, ela soltou essa:

- Quando a gente era amante, você me levava nos lugares, agora que nós somos marido e mulher, você não me leva mais.

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(silêncio constrangedor)
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- Pois é, né... - ele disse, enquanto procurava um buraco pra se enfiar.

Aí, tentando minimizar o estrago, ele pegou uma das sacolas que ela carregava e disse:

- Quando a gente era amante, eu não carregava as coisas pra você, agora eu carrego. Hehe.

E depois desse brilhante exemplo de paradoxo do matrimônio moderno, os dois desceram no próximo ponto, cada um com sua sacola.

domingo, 12 de outubro de 2008

O cidadão e a cidade

Fui assaltado ontem. Estava atravessando uma passarela quando um indivíduo chegou e me disse: “é o seguinte: ou você me dá o celular ou eu te encho de pipoco em cima da ponte”.

Não acho que ele estivesse mesmo armado e, se estivesse, não acho que ele iria me matar em cima da passarela, com um monte de gente passando embaixo e em cima. Mas não valia a pena arriscar.

Perdi o celular e virei mais um número na estatística da violência. Normal.

Problema é que eu, na minha inocência, realmente levei a sério esse papo que os PMs fazem na TV de que todos os crimes, mesmo os mais simples, devem ser registrados em B.O. Segundo eles, quando os marginais são presos, muitos dos pequenos crimes que eles cometeram não podem ser incluídos no processo porque ninguém fez B.O., o que estimula a impunidade.
 
Fui lá para a delegacia, com toda a boa vontade do mundo, fazer o B.O. Encontrei o lugar às moscas, literalmente. Fiquei esperando um tempo no balcão até que um cara, com roupa de churrasco de domingo, me atendeu e disse que ia demorar para fazerem meu B.O., porque estavam “com um flagrante” e ia levar “algumas horas”, provavelmente só acabando “depois das 20h”.

Eu já estava me conformando em perder o sábado ali naquela delegacia, esperando, quando surgiu outro cara, com roupa de feijoada na casa da cunhada, me dizendo que roubo de celular podia ter o B.O. feito pela internet. Assombrado com a descoberta da tecnologia por um órgão público, decidi adotar essa solução e fui pra casa.

Maaaas, adivinhem só, o site da Polícia Civil não faz B.O. de roubo de celular, quando há ameaça à vítima. Só faz B.O. de furto. Ou seja, os competentíssimos profissionais da delegacia de polícia, pagos com meu dinheiro de contribuinte, me deram uma informação escabrosamente errada. Como eu não queria voltar lá, liguei para outra delegacia perto de casa e perguntei se eles registrariam meu B.O.

A mulher que me atendeu disse o seguinte: “olha, a gente até atende, mas o problema é que está meio corrido aqui, porque estamos com um flagrante, e acho que só vai ficar mais livre depois das 20h”. 

Engraçado né, que em pleno sábado à tarde, todas as delegacias estavam com flagrante. E que todas iriam poder atender às 20h, quando o turno do dia se encerra e entram os funcionários da noite. A presteza do serviço público é isso aí. E eles conseguiram o que queriam: desisti.

Resultado: no último sábado, fui vítima de crime violento, perdi meu celular e, oficialmente, o Estado nunca ficará sabendo a respeito, a despeito das minhas muitas tentativas.

E viva o Brasil.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Eu e a eleição

Como alguns de meus leitores sabem (alô, tia Vânia!), fui mesário da eleição no último domingo. Não foi minha primeira vez e, para ser bem sincero, não é tão chato quanto todo mundo diz. A única parte que me doeu foi não estar empregado para ganhar dois dias de folga.

Mas enfim, foi uma eleição bem sossegada, como todas. Cheguei às 7h pontualmente e encontrei a Aline, que é minha companheira de mesa desde a primeira eleição. Depois chegou a Maria, que está com a gente desde 2006. E, por fim, o Kenny (sim, esse é o nome dele mesmo), que também é original da turma de 2004.

A maior merda do dia aconteceu logo de manhã. Para ligar a urna, é preciso virar uma chavinha que vem junto dela. Quando fui virar a bendita chave, achei ela muito mole, e avisei pra Aline: "huumm, isso aqui tá mole, vai quebrar". Mas é claro que sou brasileiro e não desisto nunca, e virei a chave mesmo assim. Quebrou.

Se a urna dá problema na instalação, o responsável pela zona eleitoral tem que ligar no cartório, que manda uma nova. Foi o que aconteceu. O problema é que, dado o marasmo que é uma eleição, ainda mais no horário em que a votação ainda não está acontecendo, a troca da urna atraiu uma atenção gigantesca. 

***

TODOS os fiscais de partidos que estavam na zona resolveram dar uma passadinha para ver quem era o cara que "tomou muito toddynho e quebrou a chave". Putaqueopariu, o TRE faz urnas de merda e eu que pago o pato.

Mas enfim, com a urna instalada, a multidão de fiscais entediados dispersou e, depois das 8h, o povo começou a entrar. Nesse ano, por incrível que pareça, não havia nenhum velhinho esperando do lado de fora pela abertura da votação. Deve ter sido o frio, porque foi a primeira vez em que eles não fizeram fila desde as 7h esperando para participar dessa alegria que é a festa da democracia. 

Aliás, eleição para velho é programa de fim de semana. Em eleições anteriores, cheguei a presenciar caravanas de octagenários vindo de ônibus fretado do asilo só para poder votar. Isso é que é não ter nada para fazer espírito cívico!

Outra novidade foi que, em 2008, o lanchinho que o TRE envia para os mesários evoluiu. Antes, os sanduíches eram um de presunto, outro de queijo. Agora, os dois eram de presunto e queijo, veja só você. Mas o Twix deu lugar a um chocolate ruim de coco que é uma versão pobre do Prestígio.

***

De engraçado mesmo, só uma senhora que veio votar, mas não sabia o número de seu candidato a vereador. "Só sei que o nome é Vanderlei", ela disse, e lá fui eu procurar na tabelinha os possíveis Vanderleis que concorriam. 

Filhotes, eram uns sete, e ela tentou todos. A cada tentativa, ela olhava a fotinho do sujeito e analisava pra ver se era o candidato dela ou não. "Não, esse aqui não é. Ele é careca, o meu tem cabelo", ela disse a certo momento.

O problema é que ela testou todos os Vanderleis e não achou o certo. E nisso, como a votação dela já tinha sido iniciada e não podia ser encerrada até ela confirmar o candidato, a fila do lado de fora foi aumentando.

Mas a mulher estava determinada a votar no Vanderlei certo. Por isso, resolveu tentar todos eles de novo. Eu ficava na tabela, ditando os números para ela, e ela na urna, digitando e analisando as fotos. "Não, esse não é! Próximo!". 

Quando chegamos ao fim da segunda rodada e a senhora ainda não tinha achado o Vanderlei certo, ela me perguntou o seguinte: "escuta, tem algum Vanderlei no partido do S*** (candidato a prefeito)?". Tinha, e aí eu passei o número para ela. Quando surgiu a foto, ela ficou olhando, olhando, olhando, e eu perguntei:

- É esse, minha senhora?

- Olha, se não for, vai ter que ser.

E aí ela votou e foi embora, não sem antes de nos chamar de "lindinhos" e "umas gracinhas" e nos convidar pra tomar chá com ela um dia desses.

***

O engraçado é que sou mesário faz quatro anos e nunca tinha ouvido falar dessa história de que o primeiro eleitor tem que esperar o segundo. Eso non ecziste, já diria Padre Quevedo.

Os mesários recebem um livrinho com instruções sobre o que fazer em relação aos eleitores em diversos casos: eleitor que dá piti, eleitor que tenta votar no lugar de outra pessoa, eleitor que vota pela metade e vai embora, etc... E no livrinho não tem (nem nunca teve) nada sobre essa história de o primeiro eleitor ter que esperar o segundo.

Canossa, você foi enganada.

domingo, 5 de outubro de 2008

Candidatos andreenses

Se você lê o Nossa, Canossa, pôde conhecer recentemente a lista dos candidatos a vereador mais toscos de São Paulo.

Fui mesário em Santo André e, como não achei a lista dos nossos candidatos na internet, fiz uma compilação dos melhores a partir da listinha que temos na sala de votação. Não temos celebridades como a capital paulista, por exemplo, mas, em termos de criatividade, estamos pau a pau.

As categorias eu plagiei da Canossa. Confira:

Ala Fulano de algum lugar

Alemão Tattoo
Ângelo da Eletrônica
Araújo do Berrante
Araújo do Clube de Campo
Edson Godoy – Farmácia
Evando do Corinthinha
Hilário Vidraceiro
Iara Cabeleireira
Iracema da Feira
Lu Decorações (sabe tudo de marketing: assumiu a pessoa jurídica)
Luiz Adão Trufas
Márcia do Posto
Marli do Cartório
Mirtes Telemensagem (a melhor da categoria)
Prof. Valim do Avanço
Renato Tapeceiro
Richard do Gás
Ronaldo Veterinário
Sonia Dentista
Tecnólogo Paulinho Moreira
Toninho da Jóia
Toninho da Represa
Vital do RG
Wadão da Academia
Zuza Taxista

Ala Acuma?

Chaves escoteiro
Cruz Mais Você (propaganda da Ana Maria Braga?)
De (como ser o candidato mais falado: troque o nome por uma preposição)
Deputado (e quer ser vereador pra quê?)
Dinha (caravanista) [caravana de onde? Ritmoooo, é ritmo de festa...]
Dona Geruza da Tamarutaca
Felizardo
Gemaria
Gilberto GG
Luci e você (tudo a ver)
Marcio MK Funk
Nobre
Ô Cara (com acento!)
Paino
Papai Noel
Paz de Lima O Bigode
Pinheiro / Pinheirinho (é tipo uma poesia)
Sapeca
Vereadora (outra auto-intitulada)
Walter O Líder do Povo

Ala Pseudocelebridades (vulgo não sou quem você está pensando, mas vai que um monte de trouxa pense que sou...)

Fofão (o apresentador ou a jogadora de vôlei?)
Giba
Hipólito (última tentativa de ganhar alguma coisa em 2008 depois do tombo) 
Joselito (desse pelo menos a gente já sabe o que esperar)
Lobão
Malatesta (certamente, o candidato do Ôrf!)
Ronaldo
Silvio Santos
Soninha (sim, também temos a nossa)
Viola

sábado, 4 de outubro de 2008

Coletiva do Castelo


Na última sexta-feira, fui à coletiva de imprensa da peça Teatro Castelo Rá-Tim-Bum: Onde Está o Nino?, que entra em cartaz no próximo dia 11 em São Paulo.

Eu assisti o Castelo quando pequeno e, ano passado, fiz meu TCC sobre o programa. Se você não conhece a história, saiba o final dela aqui.

O fato é que, durante a produção do TCC, quando a gente enchia o saco das fontes para nos darem entrevistas e cederem material, todo mundo tinha aquele mesmo olhar de "ah, mais um fã chato do Castelo me enchendo o saco".

A coletiva foi a primeira vez em que pude me aproximar das fontes com o trabalho pronto. E eu confesso que fiquei meio ansioso para saber a reação deles. Afinal, o livro ficou bom pra cacete e eu sei que todo mundo que tem algum envolvimento com o programa (seja profissional ou pessoal) gostaria de ter um em mãos.

Filhotes, foi tudo que eu esperava e mais um pouco. O elenco inteiro da peça voou no meu livro, todo mundo folheou e ficou olhando, cobiçando o negócio. Luciano Amaral, por exemplo, olhou o livro de cabo a rabo e autografou "para o meu amigo Victor". Cássio Scapin também curtiu bagarai, e ficou surpreso vendo algumas fotos suas de bastidores.

Dois momentos antológicos: 1) pessoal olhando para a foto do ator que fazia o Etevaldo e dizendo "nossa, a cara dele era assim mesmo!"; e 2) o ator mirim que faz o Pedro na peça me perguntando "nossa, onde você comprou?" e eu respondendo "eu não comprei, eu fiz".

Mira Haar, a diretora da peça (e mãe do Lucas Silva e Silva no Mundo da Lua) até tentou agitar para que nós produzíssemos uma tiragem independente do livro para vender no saguão do Teatro Abril, mas esse é um sonho muito distante, apesar de bonito. E olha que ela se esforçou hein: me levou nos bastidores para falar com a mulher, falou pra eu não desistir de publicar e tal. Mira é gente que faz.

Mas enfim, massageei meu ego, e muito.