quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Eu e a eleição

Como alguns de meus leitores sabem (alô, tia Vânia!), fui mesário da eleição no último domingo. Não foi minha primeira vez e, para ser bem sincero, não é tão chato quanto todo mundo diz. A única parte que me doeu foi não estar empregado para ganhar dois dias de folga.

Mas enfim, foi uma eleição bem sossegada, como todas. Cheguei às 7h pontualmente e encontrei a Aline, que é minha companheira de mesa desde a primeira eleição. Depois chegou a Maria, que está com a gente desde 2006. E, por fim, o Kenny (sim, esse é o nome dele mesmo), que também é original da turma de 2004.

A maior merda do dia aconteceu logo de manhã. Para ligar a urna, é preciso virar uma chavinha que vem junto dela. Quando fui virar a bendita chave, achei ela muito mole, e avisei pra Aline: "huumm, isso aqui tá mole, vai quebrar". Mas é claro que sou brasileiro e não desisto nunca, e virei a chave mesmo assim. Quebrou.

Se a urna dá problema na instalação, o responsável pela zona eleitoral tem que ligar no cartório, que manda uma nova. Foi o que aconteceu. O problema é que, dado o marasmo que é uma eleição, ainda mais no horário em que a votação ainda não está acontecendo, a troca da urna atraiu uma atenção gigantesca. 

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TODOS os fiscais de partidos que estavam na zona resolveram dar uma passadinha para ver quem era o cara que "tomou muito toddynho e quebrou a chave". Putaqueopariu, o TRE faz urnas de merda e eu que pago o pato.

Mas enfim, com a urna instalada, a multidão de fiscais entediados dispersou e, depois das 8h, o povo começou a entrar. Nesse ano, por incrível que pareça, não havia nenhum velhinho esperando do lado de fora pela abertura da votação. Deve ter sido o frio, porque foi a primeira vez em que eles não fizeram fila desde as 7h esperando para participar dessa alegria que é a festa da democracia. 

Aliás, eleição para velho é programa de fim de semana. Em eleições anteriores, cheguei a presenciar caravanas de octagenários vindo de ônibus fretado do asilo só para poder votar. Isso é que é não ter nada para fazer espírito cívico!

Outra novidade foi que, em 2008, o lanchinho que o TRE envia para os mesários evoluiu. Antes, os sanduíches eram um de presunto, outro de queijo. Agora, os dois eram de presunto e queijo, veja só você. Mas o Twix deu lugar a um chocolate ruim de coco que é uma versão pobre do Prestígio.

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De engraçado mesmo, só uma senhora que veio votar, mas não sabia o número de seu candidato a vereador. "Só sei que o nome é Vanderlei", ela disse, e lá fui eu procurar na tabelinha os possíveis Vanderleis que concorriam. 

Filhotes, eram uns sete, e ela tentou todos. A cada tentativa, ela olhava a fotinho do sujeito e analisava pra ver se era o candidato dela ou não. "Não, esse aqui não é. Ele é careca, o meu tem cabelo", ela disse a certo momento.

O problema é que ela testou todos os Vanderleis e não achou o certo. E nisso, como a votação dela já tinha sido iniciada e não podia ser encerrada até ela confirmar o candidato, a fila do lado de fora foi aumentando.

Mas a mulher estava determinada a votar no Vanderlei certo. Por isso, resolveu tentar todos eles de novo. Eu ficava na tabela, ditando os números para ela, e ela na urna, digitando e analisando as fotos. "Não, esse não é! Próximo!". 

Quando chegamos ao fim da segunda rodada e a senhora ainda não tinha achado o Vanderlei certo, ela me perguntou o seguinte: "escuta, tem algum Vanderlei no partido do S*** (candidato a prefeito)?". Tinha, e aí eu passei o número para ela. Quando surgiu a foto, ela ficou olhando, olhando, olhando, e eu perguntei:

- É esse, minha senhora?

- Olha, se não for, vai ter que ser.

E aí ela votou e foi embora, não sem antes de nos chamar de "lindinhos" e "umas gracinhas" e nos convidar pra tomar chá com ela um dia desses.

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O engraçado é que sou mesário faz quatro anos e nunca tinha ouvido falar dessa história de que o primeiro eleitor tem que esperar o segundo. Eso non ecziste, já diria Padre Quevedo.

Os mesários recebem um livrinho com instruções sobre o que fazer em relação aos eleitores em diversos casos: eleitor que dá piti, eleitor que tenta votar no lugar de outra pessoa, eleitor que vota pela metade e vai embora, etc... E no livrinho não tem (nem nunca teve) nada sobre essa história de o primeiro eleitor ter que esperar o segundo.

Canossa, você foi enganada.

2 comentários:

Anônimo disse...

HAHAHHAHA, morri!!

Onde eu voto é muito vazio e normalzinho... que chato!

Anônimo disse...

Caramba, será que as três mesárias da minha sessão queriam mesmo era me estuprar?