sexta-feira, 25 de julho de 2008

Arquivo X e os bons tempos


Hoje é dia de ver Arquivo X no cinema.

Arquivo X é a série que marcou a infância de todo mundo que cresceu nos anos 90. Quem não gostava, fazia o possível para ficar fora da ondinha, e quem gostava, se reunia no intervalo da aula para falar dos episódios.

Cada um tinha sua preferência: tinha gente que assistia por causa dos ETs, outros que assistiam por causa do possível romance entre Mulder e Scully e até gente que via por causa da sanguinolência mesmo.

Eu assistia por causa do medo.

Quando eu era pequeno, achava o máximo assistir aquelas matérias sobre alienígenas no Fantástico e depois ir pra cama morrendo de medo. Era meio masoquista. Com Arquivo X, era a mesma coisa: eu adorava ver os aliens, os monstros mutantes, os assassinos bizarros. E nunca conseguia dormir depois. Mas, dammit, era muito bom.

Você lembra de Eugene Tooms ("Assassino Imortal")? Dos freaks de "A Fraude"? Das criancinhas malignas de "Projeto Litchfield"? E de criminosos nada paranormais, mas totalmente malucos, como Duane Barry e Donnie Pfaster?

Ontem mesmo assisti um episódio da segunda temporada, Os Calusari, que mistura infanticídio, ocultismo, magia negra, suásticas e exorcismo! E o melhor de tudo: é BOM!

E o que dizer dos coadjuvantes? Garganta Profunda, Skinner, Mr. X, Alex Krycek, os Pistoleiros Solitários... e, é claro, o inesquecível Canceroso.

É por essa turma toda que eu vou ver Arquivo X - Eu Quero Acreditar. Pela nostalgia. Pela lembrança de uma década em que o trash ficou legal e em que o bizarro virou cultura pop. Pelos bons tempos de assistir seriados dublados na Record, enrolado no cobertor e comendo pipoca, sem saber em que horário eles iam passar na semana seguinte. Pelo fascínio infantil de estar acessando o misterioso e o fantástico pela tela da TV.

Por saudades de um tempo em que os ícones maiores da TV eram dois nerds obcecados e sem vida social.

No ônibus

Conversa que ouvi esses dias no ônibus entre um rapaz e uma garota com não mais de 20 cada um:

Ele: Que marca é essa?
Ela: É de mordida. Da briga.
Ele: Briga?!
Ela: É, da briga. Ela me mordeu, eu mordi ela.
Ele: Por quê?
Ela: Ela tava com inveja, porque ela era favelada. A gente se pegou lá no colégio, foi feio. A hora que eu peguei a cabeça dela e comecei a bater na lousa, foi só pá pá pá pá pá, só via o sangue espirrando em mim. Foi até policial ver o que era.
Ele: Nossa...
Ela: Foi por inveja dela. Mas ela não chega no meu nível.

Será nível de luta livre? Porque essa aí já deve ser peso-pesado da Ultimate Fighting Championship.

domingo, 20 de julho de 2008

Dercy

"Vou pro céu, porra!"

Dercy Gonçalves pegou pneumonia e morreu. E o mundo ficou um pouco mais triste sem essa senhorinha que adorava mostrar os peitos (e as pernocas bem conservadas) e mandar os outros tomarem no cu.

Dentre as muitas cenas antológicas que ela deixou para a televisão brasileira - como o topless no carnaval de 91 -, destaco a apresentação do prêmio de melhor democlipe ("democlipe? eu não sei que porra é essa") no VMB 2001.

Dercy pegou o prêmio, que tinha formato fálico, e disse para os integrantes da banda vencedora: "tá aqui o prêmio pra vocês gozarem".

Me estrebuchei de rir no sofá, como tantas vezes tinha feito assistindo o Jogo da Velha no domingão.

Dercy Gonçalves, dama das camélias, última dos highlanders.

Não será esquecida.

terça-feira, 15 de julho de 2008

O McDonald's quer VOCÊ

Hoje fui ao meu ex-emprego ajeitar algumas questões trabalhistas e, na volta, passei pra comer no McDonald’s. Lá, vi duas coisas dignas de lembrança.

A primeira foi uma cena inacreditável entre um funcionário e um cliente. O funcionário estava varrendo o chão, mas daquele jeito McDonalds que conhecemos, e o cliente, na maior cara de pau do mundo, falou:

- Amigo, ô amigo! Viu, afasta as cadeiras da mesa, pro caminho ficar livre, e depois passa o esfregão, ok?

Eu, o funcionário e Deus, se estava ali, olhamos incrédulos para o sujeito, que continuou mordendo seu hambúrguer como se nada tivesse acontecido. Colegas, se eu tivesse que trabalhar no McDonald’s tendo que limpar privada e cheirando gordura vaporizada o dia inteiro, eu ficaria ultraputo e pularia no pescoço desse folgado filho da puta.

Mas o funcionário deixou passar com um olhar esnobe de “te conheço?”.

Que isso sirva como lição para nós: não importa o quão miseráveis-na-lama-comendo-pão-dormido-tendo-que-trabalhar -no-Mc-pra-comprar-fralda nós estejamos, sempre haverá um idiota para nos deixar um pouco piores. O fundo do poço não é o limite!

A segunda coisa digna de lembrança que eu vi foi isso:


Nunca tinha visto um “chamado aos jovens” do McDonald’s. Parece aqueles cartazes americanos chamando a turma pra guerra. E o pior é que o carinha da ilustração lembra um pouco (só na minha cabeça, eu sei) o moleque dos cigarrinhos Pan.


Não parecem ter saído da mesma safra?

Medo do McDonald’s.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A prova do crime


E mais alguns pontos marcantes da Flip:

- Maitê Proença correndo desembestada ao lado da fila de autógrafos para o Gaiman, vestindo um véu na cabeça e com um cameraman indo atrás.

- As ruas de Paraty, que são completamente desniveladas (tipo trilha de montanha mesmo) e feitas com pedra sem polimento. É praticamente impossível andar sem olhar para baixo. Quando chove, então, aquelas pedras viram uma armadilha mortal.

- Machado de Assis, versão estátua viva, sendo enxotado da ponte, sob os flashes dos fotógrafos e as palmas dos visitantes.

- Também na fila de autógrafos, o insólito caso dos cachorros que resolveram fornicar e acabaram enganchados. Não, você não leu errado. Ficaram enganchados, de modo que, na tentativa de desenganchar, ficaram meio bunda com bunda, com o dito cujo do macho tendo que fazer uma desconfortável curva de 180º para se adaptar à posição. Deu dó, mas foi engraçadíssimo, principalmente quando outros cachorros que estavam em volta resolveram participar da festa e começaram e encoxar o casal.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Neil Gaiman e eu, uma fotonovela

É brinks, galere!

Eu: Neil, oh my god, it's really you, I just wanna say I love your work, and reading Sandman was really a mind-blowing experience for me, and I felt I could relate so much to Anansi Boys and, oh my god, I can't believe you're here, could you sign this book for me, I mean, if it's not a problem, 'cause I'm such a huge fan…


Neil Gaiman: Wôt?

Neil Gaiman: Oh… I see… just give me the damn thing


Neil Gaiman: Here… now, get lost!


Eu: Thank you, thank you so much, now if I could just stand next to you so they could take a picture…
Neil Gaiman: All right, just don't touch anything

domingo, 6 de julho de 2008

Neil Gaiman na Flip


Se você não esteve fora do planeta Terra nas últimas duas décadas, deve saber quem é Neil Gaiman. E deve saber que ele é super famoso, que escreveu Sandman, que é autor dos roteiros de filmes como Mirrormask e Stardust, que ganhou inúmeros prêmios de porte (como o Eisner) por seu trabalho. Isso tudo eu já sabia também.

O que eu não sabia é que Neil Gaiman era uma das pessoas mais carismáticas, gentis e atenciosas que há de se ver nesse mundo.

Sentado numa cadeira na Tenda de Autógrafos da Flip, Neil Gaiman atendeu umas 600 pessoas e deu pelo menos o triplo disso de autógrafos (já que cada um ia com um monte de livros pro homem assinar).

Saiu de lá exausto, coitado, mas sem deixar de atender ninguém. E sem nunca fazer cara feia ou ser grosseiro. Aliás, pelo contrário: Gaiman não negou sorrisos, abraços, apertos de mão e fotos (muitas fotos!) para quem pediu. No fim, saiu com o mesmo sorriso maroto de quando entrou.

E eu, depois de oito horas no ônibus para chegar a Parati, três horas de sono numa pousada escabrosa e quatro horas no sol na fila de autógrafos, tive meu momento com o Gaiman.

Durou segundos, mas a experiência foi para a vida.

Pegar autógrafo de um fulano que você mal conhece é uma coisa. Pegar autógrafo de alguém que você admira, alguém cujo trabalho te toca de alguma maneira, é outra completamente diferente.

Saí de lá feliz da vida e faria de novo.

“Victor, bons sonhos”, ele escreveu no meu livro.

Pode ter certeza que eles serão, Neil.