quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2008 pegou pneumonia e morreu

 
Com as malas no carro, a família enchendo o saco e muito, muito mato pela frente, é hora deste blog dizer adeus, meio que no improviso, aos leitores e a 2008.

Gostaria de agradecer a todos que passaram por aqui neste ano, leram os posts e se interessaram pela minha vida e pelos meus infortúnios. Todos os que comentaram, os que riram e os que se identificaram, e também aqueles que leram e lêem em silêncio, ainda tímidos de falar em público.

Muito obrigado a vocês, de coração. Espero que continuem a bordo no ano que entra.

Juro pra vocês que seu 2009 será um ano melhor, mais feliz e com mais realizações. Prefiro pegar pneumonia e morrer se não for.

E, poutz, eu não poderia encerrar o ano sem me desculpar com todo mundo que entrou aqui querendo saber como pega pneumonia, quais os sintomas da pneumonia, se pneumonia mata, em que parte do corpo se pega pneumonia, quais os tratamentos pra pneumonia, quantos dias de vida tem uma pessoa com pneumonia, se pneumonia dói, se pneumonia dá febre, se pneumonia dá gases... a lista é longa.

Desculpem a propaganda enganosa, you guys. A Wikipedia pode ajudá-los melhor nessa.

Então é isso. Um grande abraço a todos e um feliz ano novo!

See you in another life, brotha!
 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Agruras de Natal


Prefiro Pegar Pneumonia e Morrer apresenta:

Como Fazer De Seu Natal Uma Tragicomédia em 10 Passos

1. Resolva passar o Natal em casa na última hora, quando todo o resto da sua família já fez planos de sair da cidade.

2. Resolva passar o Natal em casa justamente quando sua cidade está sendo alvo de uma chuva que faria inveja a Noé.

3. Passe o dia sem almoçar porque você está correndo para terminar as comidas da ceia (oe, somos os Bianchin e deixamos tudo pra última hora, prazer).

4. Tenha avós que, no meio da chuva e no auge da larica coletiva, resolvam sair de casa pra ir à missa.

5. Certifique-se de que seus avós saiam sem celular e sem guarda-chuva porque, bah, quem precisa dessas modernidades, não é mesmo?

6. Esteja de prontidão para levar sua avó ao pronto-socorro quando ela voltar pra casa com um galo gigantesco na cabeça, porque caiu na rua e não tinha celular pra ligar pra ninguém.

7. Aguarde com fome o hospital realizar todos os exames e o plano de saúde liberar todas as burocracias para poder voltar pra casa.

8. Volte pra casa e ouça sua família discutir entre si sobre quem é o culpado de estar chovendo tanto.

9. Sente-se à mesa ao som do especial do Padre Marcelo na Band porque, poxa, sua família não pode perder essa, né.

10. Pegue finalmente os talheres pra fazer justiça ao Natal e, ao fazê-lo, veja uma borboleta gigante entrar pela janela e cair em cima da comida.

Feliz Natal, everyone!

Steve Guttenberg: "só falta eu pra poder passar na Sessão da Tarde!"

domingo, 21 de dezembro de 2008

Sedução

 
Hoje tive a infelicidade de dar de cara com esta notícia:

A melhor parte do texto diz o seguinte: 

No site criado especialmente para divulgar a fragrância, o Burger King diz que o Flame é "o perfume da sedução com um toque de carne grelhada diretamente no fogo".

Pera, calma, volta o filme. Eu li direito? Sedução com toque de carne grelhada?

Já até imagino a cena:


Mulher: Uau, que cheiro é esse?

Homem: É meu perfume novo. Te lembra alguma coisa?

Mulher: Hum, deixa eu ver... Ah! Lembra o cheiro do suvaco do meu pai depois que ele faz churrasco

Homem: Heh, pois esse agora é o aroma da LOUCA E DESENFREADA SEDUÇÃO BABY

Mulher: Nossa, querido, não agüento toda essa sedução no meu nariz, preciso fazer amor com você já!!

Homem: Então bora pro quintal, porque hoje o negócio é em cima da grelha!!

Mulher: Com a gordurinha da chapa pra passar de lubrificante?

Homem: E com a corda de lingüiça pra usar de algema!

Amor, me defuma?
 

sábado, 20 de dezembro de 2008

É hoje...

 
Coisas importantes que aconteceram em 20 de dezembro:

1942 - Silvio de Abreu nascia, mostrando ao mundo que, um dia, novela boa seria sinônimo de Cristal, Jamanta e lésbicas explodidas

1968 - O Zodíaco matava dois, mostrando ao mundo que, mesmo quando usam sobras de figurino dos Power Rangers, serial killers ainda são perigosos

2004 - Vitor Belfort casava com a Feiticeira, mostrando ao mundo que, sim, as mulas também amam
 

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Ah, dezembro...

A razão de eu não ter escrito nada neste espaço nos últimos dias é que, basicamente, não tem acontecido nada por aqui.

Exceto que, ontem, eu vi um cara aparentemente não-bêbado ajoelhar no meio da rua e começar a fazer um balancê maluco com os braços, tipo fazendo o sinal da cruz como se dançasse axé. Ele não se incomodava em ser xingado pelos motoristas que precisavam desviar e nem em ser observado pelos pedestres que passavam. Continuava firme com os bracinhos balançando e com o mantra em-nome-do-pai-do-filho-e-do-espírito-santo-amém.

Felicidade religiosa é isso aí: não tem hora, lugar e nem limite de coreografia. Achei digno.

AH! E esses dias eu vi um cara cair no ônibus. Ele tava sentado, com a mochila no colo e praticamente dormindo. Por causa do sono, o corpo ficava balançando para o lado, e aí quando ele estava quase caindo, acordava e voltava a se ajeitar. Dois segundos depois, lá estava ele quase no chão de novo. E ficou nessa pescaria uns 20 minutos. 

Até que o ônibus fez uma curva mais forte enquanto o cara tava chegando no chão e, bem, a combinação foi mortal. Depois de se espatifar no chão, fazendo um barulho que pôde ser ouvido até na rua, ele se reergueu e começou a rir.

É claro né: quando você se estatela no chão do ônibus lotado, não adianta fazer cara de “opa, ninguém viu”. Todo mundo viu sim, e riu. É assim que a sociedade funciona.

*****

Mas enfim, voltando pra minha vida, amanhã é meu aniversário. Como faço todo ano, comprei presentes beeem legais pra mim mesmo (pra compensar as camisetas que ganho da família), mas o melhor deles só chega ano que vem. Aguardem e verão.

Fazer anos nessa época é foda. Meu aniversário disputa atenção com o aniversário de Jesus. Competição difícil.

E esse ano, para completar, Jesus ainda ganhou a Madonna de reforço. Pow, duas criaturas milenares roubando minha audiência em dezembro. Assim é covardia.
 

domingo, 14 de dezembro de 2008

Strike a pose



Bettie Page pegou pneumonia e morreu.

Conheci o trabalho de Bettie quando comecei a me interessar por quadrinhos, e fui atrás de saber o que eram as tais pin-ups de que os editoriais tanto falavam. Olhando as fotos de Bettie, com suas poses, sorrisos e lingeries, passei a imaginá-la como a versão real da Valentina.

Em tempos de editoriais de moda dominados por modelos fazendo cara de bitch e dizendo ao leitor nas entrelinhas que é para ele olhar bem, porque nunca poderá chegar perto, o sorriso e a simpatia de Bettie farão falta.

Muita.
 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

No ônibus (4)

Todo mundo sabe que transporte coletivo em São Paulo é uma bosta. Com chuva, fica uma bosta e meia. Com gente imbecil dando em cima de você, vira uma orgia de bosta.

Olha só a história. Quando eu saio do trabalho, pego um microônibus que vai direto até a estação de trem. Hoje tava chovendo e, na filinha pra entrar no ônibus, muita gente se molhou, inclusive eu.

Entrei no ônibus e sentei numa cadeira de janela. Aí do meu lado sentou um indivíduo. Eu já estranhei desde o começo porque, com vários lugares disponíveis no ônibus, ele escolheu sentar ao meu lado, sendo que eu nem tava perto da porta.

Mas tá. O ônibus partiu, eu pus meus fones e beleza. Aí o desgraçado começou a mexer o braço do meu lado, como se estivesse se ajeitando. Só que, na sociedade contemporânea, esse tipo de movimento não dura mais que dois, três segundos. E o dele não parava. A não ser que ele fosse epilético ou estivesse com pulgas, era óbvio que aquilo era pra se esfregar em mim.

Isso já me irritaria normalmente. Mas, considerando que eu e ele estávamos molhados de chuva, o nojo era ainda maior e já aí eu comecei a ficar seriamente emputecido.

Mas o pior ainda estava por vir: quando finalmente resolveu parar com o braço, o filho da puta repousou o cotovelo na minha barriga. Tipo, como se fosse a coisa mais normal do mundo encostar o cotovelo em estranhos e usar os pobres cidadãos de almofada.

Fiquei puto, comecei a bufar, mas o desgraçado não tirou o cotovelo. E nem me venham com o papo de que ele não sabia: o cara ficava me olhando de rabo de olho, avaliando minha cara pra ver se eu tava curtindo. Todas as vezes que ele olhava, eu fazia cara de cu. Era para onde eu queria mandá-lo, afinal.

E fomos assim até o final da viagem, para o meu infortúnio.

O problema não era ele ser homem e gay. Se fosse uma mulher gostosa, eu também ficaria puto. Entenda: não importa o quão gostosão(ona) você seja, ROÇAR O COTOVELO NA BARRIGA DOS OUTROS NÃO É UMA BOA TÁTICA DE CONQUISTA.

Se você é um adepto, fica o toque para mudar seu approach. Caso não consiga, sugiro que repense seu planejamento profissional e tente uma carreira num bar de strip. Lá, você pode se esfregar nas coisas e nas pessoas o quanto quiser que ninguém liga. E se estiver molhado, capaz até de gostarem mais.

Si isfrega nêu
 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Boas festas my ass

Eu sei que o final de ano anda cheio de piada pronta (tipo Ronaldo no Corinthians, tentando ver se acha a dignidade escondida em algum buraco da marginal sem número), mas este blog está meio que em recesso.

Explico: é final de ano, época em que eu deveria estar descansando e talz. Mas eu, gênio da raça que sou, arranjei uma sarna gigantesca para me coçar neste mês de dezembro. E eu não estou exagerando quando digo gigantesca.

Então, basicamente, fudeu. O que é normal já né, e agora eu nem me importo tanto.

Problema é que dia 20 é meu aniversário e eu realmente, REALMENTE não tava afim de me fuder neste dezembro. Meu aniversário do ano passado foi tão legal... queria manter a curva ascendente. Vou ali tomar Prozac e já volto.

*****

Como nem tudo são emices, ontem foi dia de inimigo secreto na festa da “firma”, como diria meu pai. (Aliás, toda vez que meu pai chama meus empregos de “firmas” e meus freelances de “bicos”, eu me sinto perigosamente dentro de uma música/programa/idéia do Netinho de Paula).

Meu presente de amigo foi um CD dos Stereophonics. Meu presente de inimigo foi um livro pra “melhorar minhas piadas”. 

Em primeiro lugar, não sei onde que minhas piadas precisam ser melhoradas, ok? Humpf. Em segundo: dêem uma olhada no tipo de piada sugerido pelo livro:

Pai e filha na sala de estar

Pai: Filha, o Robertinho não serve para você!

Filha: Então vou me casar com ele!

Pai faz cara de quem não entendeu

Filha: Você é meteorologista e não acerta uma!

Jesus amado! Se eu começar a fazer piadas como essa no meio do escritório, vai ser demissão por justa causa.


Este post fala de emices e Prozac e é dedicado à Fer, que assiste Star Wars e me chama de idiota, mas eu sei que é boa gente.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Around São Paulo - Michel Gondry (parte 2)

Como tinha perdido a sessão do filme para a imprensa, que rolou na quinta-feira, voltei ao MIS no sábado para uma sessão aberta da obra. Rebobine, Por Favor é fantástico, vale muito a pena ser assistido. Vi com um amigo e nós dois rachamos o bico.

Lá no MIS, também encontrei uma outra amiga, a Jana, que quase perdeu o filme porque chegou atrasada. Mas no final deu tudo certo e ela conseguiu ver o filme (numa cadeira improvisada e com a cabeça na parede, mas conseguiu).

Ia ter um debate com o Gondry e o Sérgio Rizzo depois, mas eu, que já estava vacinado pela coletiva do dia anterior, concluí que não valia a pena ficar. A Jana ficou e me confirmou que foi exatamente como eu esperava. Nenhum prejuízo, portanto.

*****

Durante a coletiva de sexta, eu descobri que o Gondry ia autografar o livro dele (“You´ll like this movie because you´re in it”, sem edição em português) num restaurante zuperbacana chamado Paris 6, que fica razoavelmente perto da Av. Paulista. Isso meio que me aliviou o fato de não conseguir falar com ele direito na saída da coletiva.

Na segunda, usei meu horário de almoço para ir correndo até o restaurante. Cheguei lá e o Gondry ainda atrasou uma hora. Enquanto esperava, eu conheci o Stefano, dono do blog dos hipopótamos, que ficou famoso ao sair na revista Época da semana retrasada. O Stefano conseguiu que o Gondry desenhasse um hipopótamo pra ele. 

Mas o melhor foi que, dessa vez, consegui tudo que eu queria. Falei com o Gondry, apertei a mão dele, tirei foto e, claro, peguei o autógrafo, dessa vez muito mais personalizado. Gentem, Michel Gondry me caricaturou. E ficou o máximo! Ele me desenhou japonês! 

Enfim, valeu muito a pena. O Gondry, apesar de tímido, é muito simpático. E as lembranças ficarão pra vida.

Gondry e eu – ele é bem-humorado gente, só não é fotogênico

Para quem quiser prestigiar, a matéria que eu escrevi sobre a coletiva, e que ficou até na capa do Yahoo! Brasil na segunda-feira, está disponível aqui

E que ano está sendo esse 2008, hein? Michel Gondry e Neil Gaiman. Se trouxerem a Shirley Manson em 2009, já poderei morrer feliz.

 

Around São Paulo - Michel Gondry (parte 1)

Segunda-feira foi o último dia de uma jornada pessoal minha. Uma jornada que começou na sexta-feira e durou três dias (domingo não conta). Uma jornada em busca de Michel Gondry.

Para quem não conhece, Michel Gondry é um dos melhores diretores do mundo, prazer. Ficou famoso pelos filmes – os excelentes Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças e Sonhando Acordado –, mas já era hype bem antes disso por causa dos clipes que dirigia para gente como Bjork, Kylie Minogue e The Vines.

O videoclipe mais famoso do Gondry é Around The World, do Daft Punk, o famigerado clipe das caveirinhas. Mas sua obra-prima, na minha opinião, é Let Forever Be, dos Chemical Brothers. É inovador, diferente, criativo, bonito. O melhor videoclipe do mundo.

Gondry veio ao Brasil para o lançamento de “Rebobine, Por Favor – A Exposição”, mostra que é baseada no mais recente filme dele e que está montada no MIS. Ele veio e eu fui atrás.

*****

Tudo começou na sexta. Gondry ia dar uma entrevista coletiva no MIS. Providenciei minha credencial, pedi folga do trabalho e fui.

Já começou dando errado: coloquei o despertador para despertar mais tarde, em vez de mais cedo, e saí beeem atrasado pro evento. Mesmo assim, consegui a proeza de sair da minha casa, em Santo André, às 8h30, e chegar no cruzamento da Paulista com a Consolação, em São Paulo, às 10h. A entrevista era às 10h. Peguei um táxi até o MIS.

A corrida custou R$ 10, um real para cada minuto que atrasei. Tudo para chegar lá e descobrir: a entrevista tinha sido adiada pras 11h30. Sendo que, na verdade, ela só foi começar depois do meio-dia. Me fudi, mas pelo menos não perdi nada.

A entrevista em si foi meio confusa. Tanto pelo misto de francês e inglês que o Gondry falava como pelas perguntas esdrúxulas de alguns jornalistas. Mas beleza, anotei tudo que precisava. Na saída, consegui um autógrafo meio mecânico no meu caderno – Gondry, andando e sendo assediado por outros jornalistas-tietes, estava meio sem condições de dar autógrafos decentes.

Resignei-me. Mas minha jornada estava só no começo...