terça-feira, 29 de julho de 2008

No ônibus (2)

Mais uma do ônibus.

Estava eu lá sentado pensando na vida quando entra um grupo de aposentados no ônibus. Minha cidade tem MUITO velho, então é comum que eles entrem nos ônibus em grandes grupos.

Entraram, sentaram e começaram a falar. Como todo velho é meio surdo, eles falavam alto, e o ônibus inteiro ouvia, apesar de não chegar a ser irritante.

E aí, no meio da conversa (à qual eu não estava prestando atenção, sorry), um velhinho com não menos que 70 solta essa:

- Quando eu era baixinho da Xuxa, ela vinha e beliscava meu bumbum.

Eu não faço a mínima e mais deturpada idéia de que universo paralelo saiu essa criatura para poder ter sido "baixinho" na época da Xuxa (lá pelos idos de 1985, quando já teria idade para ser pai dela).

Mas confesso que a revelação das tendências pedófilas (ou seriam gerontófilas?) da rainha não são novidade, pelo menos para quem viu o clássico Amor, Estranho Amor e suas estranhas referências a ursos e sabonetinhos.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Arquivo X e os bons tempos


Hoje é dia de ver Arquivo X no cinema.

Arquivo X é a série que marcou a infância de todo mundo que cresceu nos anos 90. Quem não gostava, fazia o possível para ficar fora da ondinha, e quem gostava, se reunia no intervalo da aula para falar dos episódios.

Cada um tinha sua preferência: tinha gente que assistia por causa dos ETs, outros que assistiam por causa do possível romance entre Mulder e Scully e até gente que via por causa da sanguinolência mesmo.

Eu assistia por causa do medo.

Quando eu era pequeno, achava o máximo assistir aquelas matérias sobre alienígenas no Fantástico e depois ir pra cama morrendo de medo. Era meio masoquista. Com Arquivo X, era a mesma coisa: eu adorava ver os aliens, os monstros mutantes, os assassinos bizarros. E nunca conseguia dormir depois. Mas, dammit, era muito bom.

Você lembra de Eugene Tooms ("Assassino Imortal")? Dos freaks de "A Fraude"? Das criancinhas malignas de "Projeto Litchfield"? E de criminosos nada paranormais, mas totalmente malucos, como Duane Barry e Donnie Pfaster?

Ontem mesmo assisti um episódio da segunda temporada, Os Calusari, que mistura infanticídio, ocultismo, magia negra, suásticas e exorcismo! E o melhor de tudo: é BOM!

E o que dizer dos coadjuvantes? Garganta Profunda, Skinner, Mr. X, Alex Krycek, os Pistoleiros Solitários... e, é claro, o inesquecível Canceroso.

É por essa turma toda que eu vou ver Arquivo X - Eu Quero Acreditar. Pela nostalgia. Pela lembrança de uma década em que o trash ficou legal e em que o bizarro virou cultura pop. Pelos bons tempos de assistir seriados dublados na Record, enrolado no cobertor e comendo pipoca, sem saber em que horário eles iam passar na semana seguinte. Pelo fascínio infantil de estar acessando o misterioso e o fantástico pela tela da TV.

Por saudades de um tempo em que os ícones maiores da TV eram dois nerds obcecados e sem vida social.

No ônibus

Conversa que ouvi esses dias no ônibus entre um rapaz e uma garota com não mais de 20 cada um:

Ele: Que marca é essa?
Ela: É de mordida. Da briga.
Ele: Briga?!
Ela: É, da briga. Ela me mordeu, eu mordi ela.
Ele: Por quê?
Ela: Ela tava com inveja, porque ela era favelada. A gente se pegou lá no colégio, foi feio. A hora que eu peguei a cabeça dela e comecei a bater na lousa, foi só pá pá pá pá pá, só via o sangue espirrando em mim. Foi até policial ver o que era.
Ele: Nossa...
Ela: Foi por inveja dela. Mas ela não chega no meu nível.

Será nível de luta livre? Porque essa aí já deve ser peso-pesado da Ultimate Fighting Championship.

domingo, 20 de julho de 2008

Dercy

"Vou pro céu, porra!"

Dercy Gonçalves pegou pneumonia e morreu. E o mundo ficou um pouco mais triste sem essa senhorinha que adorava mostrar os peitos (e as pernocas bem conservadas) e mandar os outros tomarem no cu.

Dentre as muitas cenas antológicas que ela deixou para a televisão brasileira - como o topless no carnaval de 91 -, destaco a apresentação do prêmio de melhor democlipe ("democlipe? eu não sei que porra é essa") no VMB 2001.

Dercy pegou o prêmio, que tinha formato fálico, e disse para os integrantes da banda vencedora: "tá aqui o prêmio pra vocês gozarem".

Me estrebuchei de rir no sofá, como tantas vezes tinha feito assistindo o Jogo da Velha no domingão.

Dercy Gonçalves, dama das camélias, última dos highlanders.

Não será esquecida.

terça-feira, 15 de julho de 2008

O McDonald's quer VOCÊ

Hoje fui ao meu ex-emprego ajeitar algumas questões trabalhistas e, na volta, passei pra comer no McDonald’s. Lá, vi duas coisas dignas de lembrança.

A primeira foi uma cena inacreditável entre um funcionário e um cliente. O funcionário estava varrendo o chão, mas daquele jeito McDonalds que conhecemos, e o cliente, na maior cara de pau do mundo, falou:

- Amigo, ô amigo! Viu, afasta as cadeiras da mesa, pro caminho ficar livre, e depois passa o esfregão, ok?

Eu, o funcionário e Deus, se estava ali, olhamos incrédulos para o sujeito, que continuou mordendo seu hambúrguer como se nada tivesse acontecido. Colegas, se eu tivesse que trabalhar no McDonald’s tendo que limpar privada e cheirando gordura vaporizada o dia inteiro, eu ficaria ultraputo e pularia no pescoço desse folgado filho da puta.

Mas o funcionário deixou passar com um olhar esnobe de “te conheço?”.

Que isso sirva como lição para nós: não importa o quão miseráveis-na-lama-comendo-pão-dormido-tendo-que-trabalhar -no-Mc-pra-comprar-fralda nós estejamos, sempre haverá um idiota para nos deixar um pouco piores. O fundo do poço não é o limite!

A segunda coisa digna de lembrança que eu vi foi isso:


Nunca tinha visto um “chamado aos jovens” do McDonald’s. Parece aqueles cartazes americanos chamando a turma pra guerra. E o pior é que o carinha da ilustração lembra um pouco (só na minha cabeça, eu sei) o moleque dos cigarrinhos Pan.


Não parecem ter saído da mesma safra?

Medo do McDonald’s.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A prova do crime


E mais alguns pontos marcantes da Flip:

- Maitê Proença correndo desembestada ao lado da fila de autógrafos para o Gaiman, vestindo um véu na cabeça e com um cameraman indo atrás.

- As ruas de Paraty, que são completamente desniveladas (tipo trilha de montanha mesmo) e feitas com pedra sem polimento. É praticamente impossível andar sem olhar para baixo. Quando chove, então, aquelas pedras viram uma armadilha mortal.

- Machado de Assis, versão estátua viva, sendo enxotado da ponte, sob os flashes dos fotógrafos e as palmas dos visitantes.

- Também na fila de autógrafos, o insólito caso dos cachorros que resolveram fornicar e acabaram enganchados. Não, você não leu errado. Ficaram enganchados, de modo que, na tentativa de desenganchar, ficaram meio bunda com bunda, com o dito cujo do macho tendo que fazer uma desconfortável curva de 180º para se adaptar à posição. Deu dó, mas foi engraçadíssimo, principalmente quando outros cachorros que estavam em volta resolveram participar da festa e começaram e encoxar o casal.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Neil Gaiman e eu, uma fotonovela

É brinks, galere!

Eu: Neil, oh my god, it's really you, I just wanna say I love your work, and reading Sandman was really a mind-blowing experience for me, and I felt I could relate so much to Anansi Boys and, oh my god, I can't believe you're here, could you sign this book for me, I mean, if it's not a problem, 'cause I'm such a huge fan…


Neil Gaiman: Wôt?

Neil Gaiman: Oh… I see… just give me the damn thing


Neil Gaiman: Here… now, get lost!


Eu: Thank you, thank you so much, now if I could just stand next to you so they could take a picture…
Neil Gaiman: All right, just don't touch anything

domingo, 6 de julho de 2008

Neil Gaiman na Flip


Se você não esteve fora do planeta Terra nas últimas duas décadas, deve saber quem é Neil Gaiman. E deve saber que ele é super famoso, que escreveu Sandman, que é autor dos roteiros de filmes como Mirrormask e Stardust, que ganhou inúmeros prêmios de porte (como o Eisner) por seu trabalho. Isso tudo eu já sabia também.

O que eu não sabia é que Neil Gaiman era uma das pessoas mais carismáticas, gentis e atenciosas que há de se ver nesse mundo.

Sentado numa cadeira na Tenda de Autógrafos da Flip, Neil Gaiman atendeu umas 600 pessoas e deu pelo menos o triplo disso de autógrafos (já que cada um ia com um monte de livros pro homem assinar).

Saiu de lá exausto, coitado, mas sem deixar de atender ninguém. E sem nunca fazer cara feia ou ser grosseiro. Aliás, pelo contrário: Gaiman não negou sorrisos, abraços, apertos de mão e fotos (muitas fotos!) para quem pediu. No fim, saiu com o mesmo sorriso maroto de quando entrou.

E eu, depois de oito horas no ônibus para chegar a Parati, três horas de sono numa pousada escabrosa e quatro horas no sol na fila de autógrafos, tive meu momento com o Gaiman.

Durou segundos, mas a experiência foi para a vida.

Pegar autógrafo de um fulano que você mal conhece é uma coisa. Pegar autógrafo de alguém que você admira, alguém cujo trabalho te toca de alguma maneira, é outra completamente diferente.

Saí de lá feliz da vida e faria de novo.

“Victor, bons sonhos”, ele escreveu no meu livro.

Pode ter certeza que eles serão, Neil.