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Sexta-feira foi dia de show. Para não procrastinar que nem no do Radiohead, resolvi escrever de madrugada, rapidinho, antes que a semana comece. Com vocês:
The Kooks no Brasil
Perninhas: Luke Pritchard ginga muito
Show, para mim, não é uma experiência confortável. Você tem o prazer de ver seu artista preferido ao vivo, mas tem que balancear isso com o fato de que tem um monte de estranhos do teu lado te empurrando, fumando na sua cara ou suando em você. É normal e é o preço que se paga.
O The Kooks subverteu isso na sexta-feira (19/06/09), em São Paulo. Foi, de longe, o show mais tranqüilo da minha vida. O lado bom é que não fui empurrado, não servi de toalha pro suor de ninguém e – choque! – saí sem feder a cigarro.
O lado ruim é que isso só foi possível porque o público do Kooks foi muito, muito ruim. Não porque era composto por gente mais nova – chuto uma faixa etária média entre 14 e 18, o que me fazia sentir num show dos Jonas Brothers – mas porque, durante toda a apresentação, ele não pulava, não cantava, não levantava os braços.
É claro que, se algum fã mais esquentado ler isso, ele vai dizer que cantou tudo e pulou muito. E pode ser bem verdade, mas não muda o fato de que, no geral, o público do Via Funchal recebeu os Kooks com as os pés grudados no chão.
O maior exemplo de empolgação coletiva que se via eram as dezenas de câmeras digitais fixas no ar, registrando cada segundo do show. Aliás, nem fui olhar no YouTube para saber, mas imagino que esse show dos Kooks tenha batido o recorde de gravações amadoras. Tinha muita gente filmando, muita mesmo, o que é quase inexplicável, uma vez que o Multishow gravou e irá exibir o concerto.
(Também achei muito engraçado que, apesar de todas essas câmeras na platéia – ou talvez justamente por causa delas – o vocalista Luke Pritchard esvaziava garrafinhas de água em cima do público ao longo da apresentação.)
A platéia tediosa me decepcionou. Ao fim de algumas músicas, eu chegava a ficar constrangido de bater palmas porque não havia ninguém nos meus arredores fazendo o mesmo. Só fui sentir o chão tremer na última música antes do bis, mas por alguns momentos apenas, porque logo tudo voltou à calmaria. No final, quando Pritchard subiu na grade para cantar colado no público, houve um tumultozinho, mas ainda nada comparado às rodas de pogo dos Hives, para ficar no exemplo mais tenso.
No palco, a banda tocava bem e agradava os fãs com bastante interação e as tradicionais palavras improvisadas em português. Era uma empolgação contida, porém, e esperava-se mais entrega no primeiro e único show que os Kooks fariam no Brasil. Mas deu pro gasto.
Só sei que, no fim, saí sem suor, sem dor e sem cheiro de cigarro, mas também sem alma lavada. Sei lá, um show com público civilizado perde um pouco da graça. Talvez o sacrifício da coisa estimule a catarse, ajude a valorizar o que está rolando em cima do palco.
Do jeito que foi, o show dos Kooks não foi inesquecível. E nem foi culpa deles. Engraçado isso.
Jesus, tô ficando velho.
Os Kooks em cima do palco, com a empolgação que faltou embaixo
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